Sobre a importância de se acolher em tempos de quarentena

Desacelerar… Ter calma… Pausar.

Mesmo na quarentena muitas pessoas não têm conseguido desacelerar, criar seus momentos de pausa e encontrar a tão sonhada calma não é mesmo?

Por aqui, tenho aprendido cada vez mais a viver um dia de cada vez. E percebo que tem acontecido comigo o mesmo que vem acontecendo com muitas pessoas. Uma oscilação. Sim, uma oscilação do humor e sentimentos. Uma alternância entre períodos de calma, paz e ansiedade, angústia. Entre inspiração e desejo de fazer muitas coisas e um estado de cansaço.

E é interessante perceber que da correria constante e quase frenética que vivíamos até a alguns meses e tão acostumados que estávamos a não ter tempo, muitas pessoas têm ficado mais agitadas e mesmo irritadas, sem saber o que fazer com este tempo extra, inesperado.

E está tudo bem! Está tudo certo. É natural se sentir assim, afinal, não foi uma pausa por escolha, mas uma pausa imposta. Eu e você não estamos de férias. Não estamos em casa por opção, mas por necessidade, por uma medida de prevenção. Podemos até estar com um tempo mais flexível sim, mas dia a dia a vida segue se fazendo presente com todos os desafios normais, somados aos desafios e incertezas desta pandemia.

Mas, enquanto não sabemos o que fazer com este tempo que vinha sendo tão almejado, e agora por vezes se mostra tão incômodo. As folhas de outono caem lá fora nos mostrando a presença de um ciclo da natureza, e as do calendário seguem sendo destacadas, uma a uma em seu ritmo também natural.

Na contramão, desafiando este “novo” ritmo, nós, nosso corpo, nossa mente, pensamentos e sentimentos, não estão necessariamente em sintonia com as páginas do calendário, com os ciclos da natureza, nem mesmo com o nascer e pôr do sol que insistem em nos mostrar que mais um dia chegou ou se foi e não conseguimos desenvolver aquele projeto que queríamos, ou nos permitir aquele momento para relaxar e descansar como sonhamos quando iniciou essa quarentena.

O que fazer então? Você me pergunta. Pergunta a si mesmo.

Penso que o primeiro passo é acolher, reconhecer-se enquanto humano que é. E lembrar que tudo o que estamos vivendo é novo para todos. Nenhum de nós passou por uma pandemia anteriormente. Nem nós, nem nossos familiares. Não temos nenhuma referência sobre como lidar com esta situação e nem quanto a como devemos agir e viver este momento. É tudo incerto. E na incerteza, é natural ficarmos nesta oscilação. Então, acolha e pare de brigar com o tempo e com seus sentimentos. Não faça deles um cabo de guerra.

Outra coisa importante é criar momentos de pausa, respiros, para se nutrir de coisas que te acalmam, inspiram e geram sentimentos positivos, bem-estar e trazem um pouco mais de leveza para os seus dias.

Que tal criar um Momento Terapêutico e de pausa para SER como forma de carinho e autocuidado? Seja através da escrita, de uma leitura, da meditação, de um cuidado com as plantinhas e apreciação da natureza, um momento de alongamento, yoga, massagem, um banho com uma gostosa música de fundo, enfim, um cuidado especial com você mesmo. Ou quem sabe, com outras atividades e práticas que você tenha mais afinidade? O importante é permitir-se um tempinho do dia que seja só seu.

Eu tenho buscado me dar esse carinho e cuidado no dia a dia. E sinto a diferença mesmo nos dias mais agitados, mas que consigo pausar ao menos 10 minutinhos para uma respiração e reconexão comigo mesma ou para contemplar a natureza.

E por falar em contemplação da natureza. Em um dos meus momentos de pausa em que meus olhos bailavam acompanhando o movimento das folhas de outono caírem lá fora e eu me sentia tocada pela beleza deste ciclo da natureza, me recordei de Manuel de Barros quando nos brindou com seu olhar para as sutilezas da vida ao dizer que

“as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes”.

Que sigamos então, nos permitindo como Manuel a aprender com as folhas das árvores. E com as folhas do calendário também, (por que não?) a viver sem alardes. Em um ritmo mais natural. E a nos acolher em tempos de quarentena e a qualquer tempo.

Com amor,

Adriane Nóbrega

 

 

Adriane Nóbrega

Adriane Nóbrega é escritora da própria história e acredita que um belo caminho para alcançar mudanças e transformações para uma vida com mais leveza e bem-estar é através do autoconhecimento e autocuidado por meio da escrita, da literatura, práticas meditativas e contemplativas e outras formas de expressão criativa. Assim, desenvolve recursos e práticas terapêuticas, além de Imersões, Oficinas, Curso de Escrita Terapêutica e outros serviços para te inspirar e auxiliar a escrever sua história com leveza, encantamento e criatividade, aprendendo muito com seus próprios caderninhos e com a vida.

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2 Comentários

  1. Sou a Rafaela Barbosa, achei seu artigo excelente! Ele
    contém um conteúdo extremamente valioso. Parabéns
    pelo trabalho incrível! Nota 10.

    • Adriane Nóbrega

      Oi Rafaela, que bom que gostou e fez sentido pra você! Obrigada pelo retorno e sinta-se sempre muito bem vinda ao blog. Estou inclusive trabalhando em novos textos/conteúdos com esse tema sobre a importância de nos acolher, sobre a importância de criar nossas pausas e nos permitir momentos de autocuidado para trazer mais leveza e bem-estar para nossos dias. Será uma alegria a sua companhia por aqui no blog e também no nosso Instagram @papolie.adriane Por lá, trago muitas inspirações e momentos do meu dia a dia com esse mesmo olhar. 🙂

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