A ESCRITA COMO FORMA DE MEDITAÇÃO

Você já ouviu falar tanto nos benefícios da meditação para sua vida e saúde. Já leu inúmeros artigos, comprou revistas, livros, cds com práticas guiadas, já comprou até um tapetinho ou almofadinha especial, criou um ambiente decorado e lindo para desenvolver o hábito e trazer essa prática para o seu dia a dia e nada…senta, respira, e a cabeça continua lá, pensando nas tarefas a cumprir, nos problemas a resolver e vai ruminando, ruminando até que você fica ainda mais irritada do que quando se sentou, cruzou as pernas na posição de lótus, respirou profundo e intencionou meditar. E então você pensa…definitivamente minha cabeça não para, meditar não é para mim. Os pensamentos não cessam e fico mais irritada do que calma nessa luta de tentar parar os pensamentos.

Mas e se eu te disser que na verdade, meditar não é parar de pensar como muitos acreditam e até como eu mesma já pensei por muito tempo? E se eu te disser mais ainda; que não existe uma forma única de meditar como esta que está no nosso imaginário coletivo por vermos nas cenas de filmes, nas páginas dos livros, revistas e imagens lindas da internet e que nos faz sonhar, desejar, idealizar?

E se eu te disser que escrever também pode ser uma forma de meditar? Imagino que automaticamente você pode pensar: mas como, se escrever exige foco, atenção, concentração, o inverso da meditação?

Eu te diria que é o inverso quando pensamos na escrita profissional. E se entendermos a meditação como a maioria das pessoas entende: que meditar é sentar e silenciar a mente deixando de pensar. Pensar é próprio do ser humano. Deixar de pensar é incoerente com a nossa humanidade. A questão é: como estamos pensando e o que fazemos com os nossos pensamentos e qual o poder damos a esses pensamentos na nossa vida? Ou seja, o que fazemos com os pensamentos ou deixamos que eles façam conosco. E posso te dizer que depois de várias tentativas frustradas de tentar silenciar a mente (que aqui entre nós, a minha é ultra ativa, daquelas que é difícil de desacelerar até quando cansada e com sono rss), e de buscar compreender o processo através de estudos e prática por desejar os benefícios da mesma, descobri que meditar é justamente não tentar cessar os pensamentos, mas deixá-los irem e virem, sem se prender a eles, sem se focar em nada, deixando a mente livre e sem brigar para tentar silenciar os pensamentos. E nesse sentido, posso te dizer que SIM, é possível meditar através da escrita.

Não da escrita usada no nosso dia a dia para fins de estudo e profissão. Aquela formatada, organizada, com objetivos específicos. Mas da escrita criativa, expressiva e terapêutica. Pois se pensarmos na meditação para além do imaginário coletivo como descrevi, de silenciar e parar de pensar; mas como um momento de pausa, de se conectar consigo mesmo, respirar e deixar fluir livremente, sem foco, sem concentrar em algo específico, sem questionar e racionalizar, simplesmente deixando os pensamentos virem e fluir livremente, sem cobranças, questionamentos, justificativas, julgamentos; SIM, escrever pode ser um ato meditativo.

Eu te confesso que sigo tentando, sentar lindamente em posição de lótus e experimentar a prática diária, mas ainda não consegui torná-la um hábito. Ainda tenho minhas dificuldades. Mas pelo desejo de criar meus momentos de pausa, meus momentos de respiro, de conexão, de autocuidado e por que não dizer de autocura, fui testando, experimentando e analisando também os momentos de escrita. E assim, pude perceber que para mim flui melhor através da escrita. A escrita livre, autêntica, aquela que flui naturalmente e que nos conecta com nós mesmos e nos faz viver o momento presente, estarmos no aqui e agora. Então, nesse sentido posso te dizer que SIM, SIM, SIM. ESCREVER PODE SER UM MOMENTO DE PAUSA, DE MEDITAÇÃO e nos trazer todos os benefícios que a meditação tradicional nos proporciona.

Que tal experimentar você também? Já tentou meditar várias vezes e desistiu por achar que não dá conta, que não é para você? Talvez seja sim para você; mas talvez não seja do jeito tradicional de meditar. Pense nisso! Experimente a escrita criativa, expressiva e terapêutica como um processo meditativo, ou quem sabe, a partir destas reflexões, você possa perceber que outras atividades têm os mesmos efeitos e benefícios como a meditação teria para você. Experimente! Tente! Como costumo dizer: Use e abuse da criatividade para bem viver!